Talentos do Semiárido

José Holanda de Morais, agricultor

Apodi, Assentamento Moaci Lucena, Rio Grande do Norte

Seu HolandaDesde a formação do assentamento, em 1996, o agricultor José Holanda de Morais, conhecido como Zé Holanda, trabalha com práticas sustentáveis de convivência com o semiárido. O manejo responsável da Caatinga sempre esteve atrelado à busca por melhorias na segurança alimentar da comunidade. Bastante atuante, Zé Holanda faz parte da Associação da Feira Agroecológica da Agricultura Familiar de Apodi, além de ser coordenador, como agente de desenvolvimento solidário, do Núcleo dos Feirantes.

Boas práticas. Vinte anos depois da formação do assentamento, Zé Holanda destaca entre os maiores êxitos da comunidade o acesso à terra, à água e a conquista da segurança alimentar. Nessa trajetória, também é preciso destacar todo o aprendizado e crescimento pessoal alcançado pelos trabalhadores locais. “Precisamos agora compartilhar o conhecimento adquirido com outras famílias e instituições”, diz. Atualmente, os produtos da agricultura familiar do assentamento fazem parte do comércio justo e solidário. Os produtores também deram um passo importante em direção à agricultura sem agrotóxicos com a criação da ACOPASA – Associação de Certificação Orgânica Participativa do Sertão do Apodi. 

Com a mudança, veio a boa convivência com o Semiárido

Para quem nasce em uma família de agricultores, um pedaço de terra não é apenas um local de cultivo, lugar de onde se retira o sustento do dia a dia. Este é o caso do agricultor e líder comunitário, José Holanda de Morais, o Zé Holanda. Para ele, a terra é muito mais que isso.

Morador do Assentamento Moaci Lucena, em Apodi, no Rio Grande do Norte, Zé Holanda conseguiu o que ainda é sonho para muitos brasileiros: um pedaço de terra seu, onde e ele a família trabalham na agricultura. Na região desde o final da década de 1980, Zé Holanda trabalhou vários anos como meeiro. O sistema, que remete à relação desigual dos senhores de terra feudais, ao invés de ter sido esquecido em um período distante do passado, ainda é a realidade para muito agricultor que arrenda a terra e entrega metade de tudo o que produz ao proprietário da fazenda. Mas, para os agricultores de Moaci Lucena, como Zé Holanda, ser meeiro é parte do passado.

A luta pela posse da fazenda Boca da Mata, iniciada em 1996, foi vencida e o latifúndio se transformou no assentamento Moaci Lucena em 1998. “A gente ocupou essa área com o objetivo de nela criar nossa família, ver nossos filhos, nossos netos plantando com a gente, correndo por aí tudo”, diz Zé Holanda.

Com a posse da terra, os agricultores ainda teriam muitos obstáculos para superar. O maior deles foi a falta de assistência técnica, superada com a assessoria e acompanhamento do Projeto Dom Helder Câmara, iniciado em 2002. A assistência técnica foi fundamental para a implementação de práticas agroecológicas.

Mudar para melhorar

Com o novo conhecimento, ficou claro que era preciso mudar radicalmente a cultura de cultivo. Até então, os produtores desmatavam grandes áreas de mata nativa, promoviam queimadas e praticavam a monocultura, um problema sério para a saúde do solo e para segurança alimentar e econômica das famílias. Além disso, também utilizavam agrotóxicos e fertilizantes em larga escala, verdadeiros venenos para o homem e para a natureza.

Mudar uma cultura tão antiga e arraigada demandou muita persistência. Mudar as antigas práticas de cultivo e relacionamento com a terra foi uma preocupação constante no início do assentamento, como lembra Zé Holanda: “Chegou o momento em que ou a gente mudava a cultura ou em um curto prazo de tempo a propriedade estaria toda desmatada, sem uma árvore, sem nada”, diz.

Seu Holanda

Felizmente, a mudança aconteceu e hoje a convivência com o Semiárido e o manejo sustentável da Caatinga são prioridades do Assentamento Moaci Lucena. Novas técnicas agroecológicas foram implantadas e foi criada a Associação dos Produtores de Moaci Lucena.

Durante esse período de mudanças, Zé Holanda estudou o Semiárido para conhecer melhor suas qualidades e estar preparado para longas temporadas de estiagem. O resultado desse aprendizado é compartilhado com as famílias que também têm acesso a cursos e intercâmbios em outras cidades. A troca de conhecimento favoreceu ainda a criação do grupo de jovens e do grupo de mulheres.

As mudanças vieram para melhorar a qualidade de vida das famílias produtoras e aumentar a diversidade de produtos da comunidade. No assentamento, se antes só se cultivava feijão, milho e algodão, hoje a roça é bastante diversificada com plantação de gergelim, sorgo, além de uma série de hortaliças. Por lá também se criam abelhas para a produção de mel, principal atividade da comunidade, caprinos e ovinos. O beneficiamento de frutas nativas, cujas polpas são vendidas congeladas, como cajá, cajarana e tamarindo é outro diferencial.

Contato:

José Holanda de Morais
(84)999383803

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