Coopetigre e Renda Renascença (Paraíba)
Mulheres se organizam e mantém viva a arte da Renascença
Com intuito de organizar as artesãs da cidade e manter viva essa tradição, um grupo de mulheres fundou a Cooperativa de Produção de Bens e Serviços de São João Tigre (Coopetigre) em 2008. O grupo está no município de São João do Tigre, no Cariri. A cooperativa tem por fim fortalecer e melhorar a vida das rendeiras da região.
Na formação da cooperativa se destacam duas rendeiras, Lourdes Oliveira e dona Doralice. Para organizar a cooperativa foram muitos os esforços, pois as artesãs não tinham muitos apoios. Mobilizar rendeiras para se associar, solicitar doações e realizar bingos para cobrir despesas, foram algumas das iniciativas do grupo para fundar a Coopetigre.
No início a prefeitura do município doou um espaço para funcionar a cooperativa durante cinco anos. Naquele período, 23 rendeiras já eram cooperadas.
Ao passar dos anos, a Coopetigre foi se fortalecendo. Em 2011, com a colaboração do Sebrae, o grupo criou a primeira etiqueta para colocar nas peças de renascença. No ano seguinte participou da Marcha das Margaridas, em Brasília, e da Feira Nacional de Negócios do Artesanato (Feneart), em Olinda, Pernambuco. As feiras têm sido um espaço interessante para venda e visibilidade do trabalho das rendeiras.
Em 2013, com o apoio da organização 8 de Março, a cooperativa acessou o programa do governo do Estado, Empreender Mulher, para comprar materiais para produção da renascença. Foi nesse mesmo ano, que o grupo criou a carteira da cooperada e também conquistou a carteira de artesão fornecida pelo Sebrae. E, a União Europeia também apoiou o grupo na realização de intercâmbios. Receberam ainda, o Selo de Indicação Geográfica (IG), do Conselho das Associações, Cooperativas, Empresas e Entidades Vinculadas à Renda Renascença do Cariri Paraibano (Conarenda).
Em 2014, a prefeitura renovou a doação do local onde funciona a Coopetigre por mais quinze anos, quando já contabilizava nas suas fileiras 48 cooperdas.
As rendeiras avaliam como muito favorável a amizade e a união que foram construindo enquanto grupo de mulheres nesse coletivo. Além disso, a renascença é uma fonte de renda para essas mulheres e suas famílias. A cooperativa também foi e é um espaço para se ter acesso às linhas de crédito.
A preocupação das rendeiras de renascença hoje é com a sucessão das novas gerações, pois são poucas as jovens que desejam aprender o ofício. Esse desestímulo ameaça a perpetuação da renascença como arte e ofício de um povo. A presença de atravessadores, preços baixos e o valor da matéria-prima muito alto colaboram para que gere desestímulo em rendeiras de diversas idades.
Observa-se que, mesmo com as diversas dificuldades encontradas no caminho, as mulheres rendeiras foram capazes de se organizar em cooperativa, buscaram melhorias para um coletivo.
O desafio que se coloca hoje é a perpetuação da arte e ofício da renda renascença, já que ela é uma arte oral. Ainda é muito raro publicação com essa temática. Toda a herança e patrimônio da renascença está, muito, nas memórias das mulheres, desde os pontos aos desenhos. É necessário garantir a perpetuação e difusão desse trabalho.
Contato:
(83) 99870-2681
