ARCA: Juventude local e rendeiras (Paraíba)
Juventude local na organização e gestão do grupo de rendeiras
O povoado de Cacimbinhas fica localizado na zona rural do município de São João do Tigre, Sertão da Paraíba. É nessa localidade que mulheres que trabalham com renda renascença se organizaram em grupo para melhor desenvolver sua arte e ofício. Foi dessa organização que nasceu a Associação de Resistência das Rendeiras da Comunidade de Cacimbinhas (ARCA), fundada em 1998.
Trabalhar em grupo foi uma ação desencadeada na década 1980, quando algumas mulheres participavam da Associação de Artesão do Nordeste (Associarte). Essa associação tinha sede em Olinda, Pernambuco, e apoiava grupos de produção que trabalhavam com arte em alguns estados do Nordeste, contribuindo com a venda das peças.
A Arca nasceu da necessidade de deixar de vender as peças de renda para atravessadores/as que as compravam por preços baixos e as revendiam fora por preços elevados. As primeiras encomendas de renascença da Arca começaram em 2000.
As rendeiras também passaram por capacitações pelo Sebrae da Paraíba, para aperfeiçoar e qualificar sua arte. Ao longo do tempo outras organizações começaram a realizar trabalhos na comunidade e a contribuir com a organização das mulheres da Arca. Dentre elas estão Cunhã Coletivo Feminista e o Centro da Mulher 8 de Março, que iniciaram o acompanhamento a partir de 2002, numa parceria com o Projeto Dom Helder Câmara (PDHC/MDA/FIDA).
As dificuldades fizeram com que a Arca passasse uma temporada desativada, retomando em 2007, quando assume a presidência da Associação, Maria Aparecida Aureliano, mais conhecida como Neném, uma jovem, à época, com muita boa vontade de fazer algo pelo grupo. Da mobilização das mulheres, nasceu o banco de matéria prima para produção de renascença. A iniciativa recebeu o apoio do PDHC/MDA/FIDA e da Associação Menonita de Assistência Social (AMAS).
Graças ao empenho e esforço de um grupo de jovens à frente da associação, o grupo começou a ter acesso a outras conquistas, como cursos, ampliação de mercados e partipação em feiras e exposição no estado e em outras regiões do país. Desde então, a juventude local vem fazendo parte da gestão da associação, assumindo muitas vezes a função de presidente.
Novos espaços de comercialização começaram a surgir entre 2010 e 2011, levando as peças de renascença para exposições e feiras fora do município.
A partir de 2011, o grupo Arca começou a acessar políticas públicas de crédito. Outro apoio veio da União Europeia, oriundo das ações desenvolvidas pela organização Cunhã. E, um grande reconhecimento aconteceu em 2012, quando a Arca recebeu o Selo Indicação Geográfica (IG). O selo é importante, porque atribui uma reputação para as peças nos mercados nacional e internacional. Já em 2013, a Arca recebeu um apoio importante do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú (Procase), ao acessar um edital que vai beneficiar 25 famílias de rendeiras e possibilitar a construção da sede, que está prestes a ser entregue ao grupo, e a compra de máquinas e material de produção.
Contato:
(83) 99672-7980
