Talentos do Semiárido

ASDEREN e a perpetuação da Renda Irlandesa (Sergipe)

A experiência da ASDEREN: Mulheres que lutam para a perpetuação da Renda Irlandesa

ASDEREN (Sergipe)

Elas formam um grupo de 87 rendeiras. Moram e trabalham no município de Divina Pastora, no estado de Sergipe. Juntar-se foi a forma encontrada para lutar pela perpetuação da arte, cultura e do ofício de fazer a renda irlandesa. Arte que representa a identidade cultural do povo desse pequeno município.

A renda irlandesa é parecida com a renascença, a diferença é que a irlandesa é mais encorpada. Desde cedo as meninas aprendem essa arte com as mulheres da família que convivem diariamente com esse ofício. Para preservar esses saberes e gerar renda com a produção, as rendeiras de Divina Pastora fundaram, em 2000, a Associação para o Desenvolvimento da Renda Irlandesa de Divina Pastora (ASDEREN). A iniciativa contou com o apoio do Programa artesanato Solidário, do governo federal.

ASDEREN Renda Irlandesa

A Associação já tem sede própria bem estruturada com salas de escritório, cantina e local para comercialização. A sede foi uma doação da prefeitura. É lá onde as rendeiras se reúnem para produzir as peças sob encomenda ou não. As encomendas recebidas são partilhadas entre as associadas. Elas também têm procurado diversificar as peças para gerar oportunidades de negócios produzindo bolsas, colares, marcador de texto, entre outros. “A renda irlandesa é muito importante para mim. Criei meus filhos com o dinheiro que ganhava produzindo renda. Ensinei às minhas filhas esse ofício. Sou feliz trabalhando com isso”, afirma uma das rendeiras mais antiga de Divina Pastora, Eugênia dos santos.

As mulheres de Divina Pastora têm o desafio de perpetuar a renda irlandesa como arte e trabalho. Mas elas enfrentam diversas dificuldades para cumprir essa tarefa.

Um fator de risco para a continuação da existência da renda irlandesa é o fato de só existir na localidade uma única riscadeira dos desenhos para fazer a renda.

Peça rendada da ASDEREN (Sergipe)

O IPHAN, articulado com Sebrae, governo de Sergipe e Universidade Federal de Sergipe tem procurado intermediar negociações para resolver o problema da produção de lacê. Uma das ideias é trazer a fábrica para Sergipe, mas isso tem ficado apenas no plano das ideias. Entretanto, a articulação com esses parceiros tem trazido outras oportunidades como acesso a formação e oportunidades de mercados, assim como a preservação do saber fazer.

Outras dificuldades encontradas é acesso a crédito para compra de matéria-prima e para outras atividades estruturantes.

Contudo, muitos já são os êxitos alcançados. Um deles é a disseminação da renda irlandesa por outros municípios da região. O “modo de fazer” a renda irlandesa foi reconhecido como Patrimônio cultural do Brasil pelo IPHAN. Também já tem o selo de reconhecimento do Indicação Geográfica (IG) para a renda agulha em lace. E, em 2014, ficou em primeiro lugar no Prêmio TOP 100 do Sebrae. Essas conquistas deram visibilidade a ASDEREN e oportunizou mercado para a produção.

São muitos os aprendizados, gerir uma associação de forma democrática, percebendo-se que o trabalho coletivo fortalece os aprendizados e a luta das mulheres e se encontra resoluções mais fáceis. Juntar-se é buscar melhoria de vida e trabalho. Tem gerado oportunidades para participação em eventos, de arte, design, conferências, concursos, prêmios e exposições.

Contato:

ASDEREN  
(79)988330620

ENCONTRE EXPERIÊNCIAS INSPIRADORAS:

DoDesign-s Design & Marketing