Talentos do Semiárido

Sandyeva Francione Silva

Campo Redondo, Rio Grande do Norte

Sandyeva - CoopercachoNascida na cidade de Currais Novos, no Rio Grande do Norte, Sandyeva, de apenas 20 anos, carrega no sangue a vontade de ajudar os que moram no campo. Filha de uma Agente de Desenvolvimento Solidário e neta de agricultores, ela milita desde cedo pela causa da economia solidária e do comércio justo. Faz parte da COOPERCACHO – Cooperativa Agropecuária Cacho de Ouro atuando na mobilização da juventude e provocando outros espaços e entidades para a inserção e reconhecimento dos jovens rurais. Ela também coordena o grupo de economia solidária “Força e Cor”, em Campo Redondo, município em que vive atualmente. Articulada, Sandyeva já está inserida na Câmara Temática da Juventude e no Grupo de Trabalho (GT) de Juventude da Rede de Educadores Populares em Economia Solidária, representando a COOPERCACHO.

Boas práticas. Sua luta é pela juventude rural. Em 2015, Sandyeva teve a oportunidade de participar de um programa de estágio idealizado pela Procasur, no âmbito do Projeto Semear. Ganhou destaque. O estágio consistia em promover intercâmbios entre jovens dos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Paraíba selecionados para conhecer cooperativas de outras localidades. Passado o momento da experiência, os aprendizes eram incentivados a desenvolver na comunidade em que vivem algo novo aprendido durante o período de estudo. Validada a proposta, o estagiário receberia ajuda financeira da Procasur para tocar a ideia. Dos 11 jovens participantes, Sandyeva e Roza Ayres foram as escolhidas. Elas organizaram e coordenaram o Encontro para Jovens Multiplicadores Rurais e o Seminário Juventude e COOPERCACHO.

Lugar de jovem rural é no campo

Sandyeva se considera protagonista na busca de espaço para discussão e da garantia de políticas públicas para juventude na região em que vive. Nasceu e se criou entre pessoas que já discutiam sobre a melhoria do povo e do Semiárido. Seu pai era presidente de uma associação na comunidade em que morou quando criança e ela fazia questão de participar das reuniões e do dia a dia das famílias produtoras rurais.

Agora, mesmo tão nova, está empoderada das oportunidades de luta e fortalecimento para a realidade enfrentada por quem mora no Semiárido. Ficou sabendo da oportunidade do estágio e não ia deixar passar. Junto com a amiga Roza Ayres, que também faz parte da COOPERCACHO, Sandyeva passou 10 dias viajando pelo sudoeste da Bahia conhecendo as cooperativas que fazem parte da Rede Gavião. Visitaram os pontos de produção de cada uma delas, conversaram com jovens e suas famílias para entender qual a participação deles no processo. Na volta pra casa, foi o momento de elaborar um projeto que pudesse ajudar a comunidade da qual fazem parte.

Sandyeva - Coopercacho

“Foi quando elaboramos o projeto Encontro dos Jovens Rurais”, lembra Sandyeva, orgulhosa. “Pensamos em abordar o tema da agroecologia e como os jovens podem participar e se fortalecer com a produção agroecológica”, explica. Por fazerem parte do grupo de trabalho da juventude do Fórum Potiguar de Economia Solidária, que tem abrangência estadual, elas resolveram abrir o encontro para dois jovens de cada região do estado que estivesse inserida no grupo de juventude do Fórum Potiguar.

Colocado em prática, com ajuda financeira da Procasur, o projeto foi elaborado em três etapas e contou com a participação de 18 jovens. Foram realizadas oficinas e os participantes acompanharam de perto famílias que trabalham com agricultura familiar. O encontro terminou com a exposição do que foi aprendido por eles e avaliação dos desafios dos jovens no que diz respeito à agroecologia. As duas meninas valentes da COOPERCACHO conseguiram parcerias com entidades que atuam na região em que vivem e já estão engajadas em outras iniciativas voltadas à juventude rural.

Quando o jovem sai do campo para procurar emprego nos centros urbanos geralmente vai pra um trabalho de mão de obra pesada e, consequentemente, barata. Está sujeito à violência e a uma sociedade que o desvaloriza. Por isso, é imprescindível saber usar as oportunidades de fincar raízes onde nascem. A juventude precisa de políticas públicas que promovam o direito de escolher ficar no campo, de exercer sua aptidão e servir como modelo de resiliência para as próximas gerações. É também papel da juventude não estagnar, não se deixar vencer pelo descaso e omissão da sociedade. É aí que a luta de Sandyeva reside. Pelo direito à vida, de se expressar, por educação, saúde, trabalho digno e qualidade de vida.

Contato:

Sandyeva Francione Silva Araujo  
sandyevasilva15@gmail.com
(84) 8825-2074

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