Talentos do Semiárido

Marilda dos Santos, diretora de comunicação

Manoel Vitorino, Comunidade Manuel Vitorino, Bahia

Marilda dos Santos CooproafResponsável pela comunicação e uma das fundadoras da COOPROAF – Cooperativa de Produção e Comercialização da Agricultura Familiar do Sudoeste da Bahia, Marilda conta que reconheceu no cooperativismo uma oportunidade para lidar com a escassez de chuva e de trabalho no Semiárido baiano. Assim surgiu um projeto que, se à princípio parecia impossível, acabou se tornando uma referência para outras comunidades e grupos de produção.

Boas práticas. O surgimento da COOPROAF tornou possível trabalhar e valorizar os frutos nativos da região, como o umbu, e hoje conta com três agroindústrias de processamento. A iniciativa é também um sucesso administrativo e já foi agraciada com o prêmio de melhores práticas de gestão local, concedido pelo banco Caixa Econômica Federal. Para o futuro, um dos desafios é ampliar o comércio para os cooperados e incluir, cada vez mais, os jovens nas atividades da cooperativa. Pensando no futuro, o projeto Umbu da Gente, apoia e incentiva o plantio de umbuzeiros para que as novas gerações de agricultores também possam se beneficiar de seus frutos.

Em Manoel Vitorino, santo de casa faz milagre

Até pouco tempo, faltava a Manoel Vitorino, no sudoeste da Bahia, uma cooperativa para comercializar e beneficiar o umbu. Desde 2010, quando foi fundada a COOPROAF, não falta mais. Uma das sócias fundadoras, Marilda dos Santos, gerente comercial e responsável pela comunicação da cooperativa, lembra que o início foi uma luta constante.

Antes da cooperativa, um grupo de 13 mulheres costumava se reunir para fazer doce de umbu nas cantinas escolares do munícipio. Logo, elas notaram a viabilidade do negócio e a necessidade de criar uma cooperativa. A ideia teve o apoio do IRPAA – Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada, do ISFA – Instituto São Francisco de Assis e de diversas associações como a Associação dos Feirantes, a Associação do Bairro Santo Antônio.

“Quando surgiu a ideia de criar a COOPROAF, muita gente achou que era loucura, que não daria nada certo”, conta. Mas ela e suas companheiras resistiram e a cooperativa foi fundada com 23 mulheres e apenas um homem. Hoje, conta com 76 cooperados, 51 mulheres e 25 homens.

Cooperativa constituída, foram construídas três agroindústrias de processamento de umbu e outras frutas nativas como maracujá da Caatinga, com o apoio do CAR – Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional e financiamento do FIDA – Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.

A linha Imbuíra, criada para o varejo, oferece oito tipos de produtos: doce cremoso, doce de corte, geleia, compota, suco concentrado e polpa de umbu. Há pouco mais de um ano, a COOPROAF conseguiu os selos da fiscalização sanitária e certificação necessárias para atingir novos mercados além da região. Mas, à exemplo de muitas cooperativas de agricultura familiar, o acesso a novos mercados continua sendo um entrave complicado.

Atualmente um dos grandes obstáculos da cooperativa é a falta de capital de giro, para garantir um pouco de segurança financeira e fôlego para realizar investimentos necessários. Há ainda muitos empecilhos para cooperativas e grupos de trabalho conseguirem financiamento em bancos comuns.

Legado

No início, quando o grupo de mulheres foi formado, o sonho da grande maioria era ter um salário, uma renda que as desobrigasse de receber complementos como o Bolsa Família. “A gente provou que santo de casa faz milagre sim. A gente chegou muito além do salário. Hoje somos referência para nossa comunidade, para agricultores, mulheres e outras cooperativas. A gente pretende chegar ainda mais longe”, diz Marilda.

Além de ter uma renda assegurada, a cooperativa trouxe empoderamento para as mulheres locais – na maioria dos casos sem acesso à educação –, e orgulho pelo trabalho que o empreendimento deixará para a comunidade.

O legado mais importante parece ser a quebra de um costume antigo. Antes, segundo Marilda, o pai deixava a família para trabalhar em grandes centros urbanos, como São Paulo, e ficava anos distante por falta de alternativa para ganhar a vida na região. Agora já não é mais assim. “Nosso sonho é continuar ajudando a economia local e regional, mostrar o caminho para que nossos filhos e netos possam dar continuidade a nosso trabalho sem terem que ir embora da comunidade por falta de oportunidades.”

Contato:

Marilda dos Santos
cooproaf@yahoo.com.br
(73)81316301

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