Talentos do Semiárido

Eliane de Amorim Oliveira, educadora

Independência, Comunidade Santa Cruz, Ceará

Eliane de AmorimPara a professora Eliane de Amorim Oliveira, o ato de ensinar está profundamente ligado ao campo. “Sou camponesa e por isso minha relação com a educação contextualizada com a vida no Semiárido é tão profunda. Gosto de aprender com as pessoas, com a terra, a água, o ar, as plantas, os animais e todas as manifestações de vida presentes e atuantes neste belo sertão”, diz.

Boas práticas. Desde 2010, Eliane ensina Língua Portuguesa e trabalha com educação contextualizada com a vida no Semiárido na Escola Família Agrícola Dom Fragoso (EFA). O objetivo da EFA é promover uma formação contextualizada, integral de jovens agricultores/as e camponeses/as, incentivar o desenvolvimento do protagonismo juvenil, além de fornecer tecnologias apropriadas à convivência com o semiárido no território Inhamuns/Cratéus. Entre as maiores conquistas, destaca-se a implementação da pedagogia da alternância que permite uma profunda interação entre escola-família-comunidade. Na prática, jovens camponeses já compartilham o aprendizado e atuam para construir uma comunidade mais forte. O acompanhamento personalizado às famílias dos educandos(as) também é uma inovação interessante e tem um efeito significativo na vida dos participantes.

Educação alinhada ao território

Nascida em uma família de agricultores, a professora Eliane de Amorim Oliveira viveu no campo até os oito anos. Desde 2010, ela ensina Língua Portuguesa na Escola Família Agrícola Dom Fragoso (EFA), em Independência, no Ceará e utiliza como uma das metodologias de ensino, a educação contextualizada com o Semiárido.

A criação da Escola Dom Fragoso foi incentivada pelo bispo da Diocese de Cratéus, Dom Fragoso, para promover a dignidade das famílias camponesas da região. A escola nasceu da luta pela terra e pela água, graças organização dos/as trabalhadores/as rurais nas Comunidades Eclesiais de Bases – CEB e nas organizações sindicais.

Atualmente, a Dom Fragoso recebe alunos de 46 comunidades de 18 munícipios da região, no estado do Ceará. “Os jovens das comunidades que acabam partindo para grandes centros urbanos, são, justamente, os que não tiveram acesso a uma educação e convivência com o Semiárido”, diz. A abrangência da escola é ampla, mas faltam políticas públicas que estendam a toda juventude camponesa o direito e a oportunidade de estudar.

Segundo Eliane, um dos pilares da educação contextualizada é ensinar os alunos unindo o saber popular com o saber científico. Só assim, ela acredita, será possível colaborar para o desenvolvimento da região, trabalhar para realçar as qualidades do Semiárido e frear a necessidade do êxodo rural que ainda recai sobre os mais jovens em buscar de oportunidades. “A educação contextualizada alinhada ao Semiárido acredita no desenvolvimento das potencialidades. Acredita em transformar jovens, filhos de camponeses, em pessoas capazes de valorizar suas próprias qualidades e compreender a beleza das pessoas, da água, dos animais, de todo o território onde vivemos”, diz Eliane.

Atualmente ela também atua na formação e monitoramento, além de ser responsável pelo registro fotográfico das atividades produtivas da escola. “Entre algumas das minhas atividades práticas está acompanhar os cuidados com a água potável e ajudar com o monitoramento da horta medicinal”. Os cuidados com a água começam na captação da água de chuva que é armazenada em cisternas até ser distribuída para o abastecimento e consumo.

Entre as maiores conquistas, destaca-se a implementação da pedagogia da alternância que permite uma profunda interação entre escola-família-comunidade. Na prática, jovens camponeses já compartilham o aprendizado e atuam para construir uma comunidade mais forte. O acompanhamento personalizado às famílias dos educandos(as) também é uma inovação interessante e tem um efeito significativo na vida dos participantes.

Em regime de alternância, os jovens passam 12 dias na escola e 12 dias com a família e a comunidade. O curso técnico em agropecuária já formou 145 jovens. Destes jovens técnicos, cerca de 80% deles permanecem no campo desenvolvendo o Projeto de Vida da Família Camponesa. O Projeto é uma ferramenta do curso técnico que testa na prática os ensinamentos teóricos em três unidades produtivas mantidas pela Escola.

Contato:

Eliane de Amorim Oliveira
elianeamorim09@gmail.com
(88) 99919-8700

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