Talentos do Semiárido

Anatália Aparecida Reinaldo, artesã

São João do Tigre, Comunidade Cacimbinha, Paraíba

Anatália ReinaldoA jovem artesã Anatália Aparecida Reinaldo aprendeu a fazer Renda Renascença com sua mãe, quando tinha apenas sete anos. O aprendizado precoce trouxe à jovem uma grande experiência e a vontade de ajudar a melhorar a qualidade de trabalho e de vida das rendeiras da comunidade rural de Cacimbinha em São João do Tigre, na Paraíba.

Há oito anos, ela é presidente da ARCA – Associação de Resistência das Rendeiras de Cacimbinha. Entre os maiores desafios que as rendeiras enfrentam, à exemplo de rendeiras de outros estados, é a dificuldade para vender o que produzem. Os pontos de venda são escassos e temporários. Muitas mulheres dependem dos rendimentos da Renascença para manter a família e assim ficam vulneráveis à ação de atravessadores que pagam pouco à artesã e vendem o produto a preços altíssimos.

Boas práticas. Um dos objetivos da ARCA é conseguir acesso a novos mercados e um ponto de venda permanente para coibir a ação dos atravessadores. “O sonho da gente é que nosso trabalho seja reconhecido como deveria, que nossas peças tivessem um preço justo e que também tivéssemos um ponto fixo para comercializar nossos produtos. Hoje, a Renda é um complemento para a gente por falta do valor que se paga, que não é justo. Temos muito trabalho e muito gasto para vender nossas peças baratas”, diz Anatália.

Em busca de um sonho justo e possível

Aos vinte e um anos de idade, a artesã Anatália Aparecida Reinaldo já acumula impressionantes treze anos de experiência de trabalho. Isso porque a jovem da Comunidade Cacimbinha, em São João do Tigre, como grande parte das artesãs de Renda Renascença, aprendeu o ofício com sua mãe quando tinha apenas sete anos de idade.

“Em nossa associação, a maioria das rendeiras é jovem e nosso intuito é perpetuar a arte da Renascença com a juventude local”, diz ela.

O grupo de mulheres rendeiras começou a ser formado no início da década de 1980, incentivado pela rendeira Maria das Dores Souza dos Anjos (Dona Dorinha). Algum tempo depois, a falta de recursos, e capacitação, além da inexistência de apoio do poder público ao trabalho das rendeiras fez com que o grupo ficasse parado por quase 10 anos.

O grupo só foi retomado em 1998, com a fundação da ARCA, na comunidade rural de Cacimbinha. Nessa época um dos grandes problemas das rendeiras, que persiste até hoje, era falta de acesso ao mercado. Sem poder vender diretamente seus produtos ao consumidor, as rendeiras se viam nas mãos de atravessadores que compravam as peças por preços baixíssimos para serem revendidos com grande lucro.

Nos anos 2000, o cenário começou a melhorar com as capacitações e apoio do Sebrae/Paraíba. Ainda assim, a acesso ao mercado continua sendo um entrave complicado. “A Renda é a cultura da gente. Temos muitos atravessadores aqui, em São João do Tigre. O sonho da gente é que nosso trabalho seja reconhecido como deveria. Gostaria um dia que nossas peças tivessem um preço justo e que também tivéssemos um ponto fixo para comercializar nossos produtos. Hoje, a Renda é um complemento para a gente por falta do valor que se paga, que não é justo. Temos muito trabalho e muito gasto para vender nossas peças baratas”, diz Anatália.

Grandes conquistas

Uma conquista importante do grupo foi o acesso, no início dos anos 2000, ao PRONAF Mulher – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, uma linha de crédito destinada à investimentos na agropecuária, turismo rural, artesanato, além de outras atividades protagonizadas pelas agricultoras.

“Nesses anos, os maiores desafios foram estruturar o grupo e ampliar os espaços de comércio, além de sensibilizar o poder público para que reconheça a Renascença como uma cadeia produtiva com grande potencial”.

Em 2011, a ARCA teve acesso ao programa Empreender Paraíba, uma política de microcrédito destinados aos empreendedores paraibanos. No ano seguinte, já com quarenta sócias, a ARCA recebeu o apoio da União Europeia através da organização Cunhã. Ainda em 2012, uma das grandes conquistas foi a obtenção do Selo Indicação Geográfica (IG) pelo Conselho das Associações, Cooperativas, Empresas e Entidades Vinculadas a Renda Renascença do Cariri Paraibano (Conarenda). O selo certifica a autenticidade e a origem do produto.

Isso tudo motivou as rendeiras e planos para o futuro não faltam: “Espero conquistar mais espaços de comércio para nosso grupo e disseminar nossa arte e ofício para outros municípios da Paraíba”, diz Anatália.

A ARCA tem o apoio do Procase – Projeto de Desenvolvimento Sustentável do Cariri, Seridó e Curimataú. O Projeto é resultado da parceria entre o Governo do Estado da Paraíba e o Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), através de convênio firmado em 17 de outubro de 2012.

Contato:

Anatalia A. da S. Reinaldo   
(83) 99672-7980

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