Talentos do Semiárido

Agentes de Desenvolvimento Subterritorial (Bahia)

Protagonismo da juventude potencializa desenvolvimento local: a experiência dos jovens ADS

Agentes de Desenvolvimento Subterritorial

No Semiárido, um dos grandes desafios ao desenvolvimento da região é a saída dos jovens do campo por dificuldades de geração de renda, reforçada pela crença, incutida na juventude, de que o lugar não oferece perspectiva de crescimento. Por isso, envolver jovens em projetos de desenvolvimento é uma inovação relevante e eficiente, tanto na formação da própria juventude, como na integração da ação na vida comunitária.

Agentes de Desenvolvimento Subterritorial (ADS)

Em 2009 e 2012, o Projeto Gente de Valor – uma parceria entre Governo da Bahia/Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) – selecionou e capacitou 203 jovens, de 18 a 25 anos, para atuar como agentes mobilizadores em subterritórios de 34 municípios do Semiárido baiano.

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Foram 121 mulheres e 82 homens. A maioria feminina – foi um dos critérios da seleção – no mínimo de 50% das vagas. Além do estabelecimento da cota, o maior preparo das moças em relação aos rapazes e o alto índice de migração dos rapazes foram fatores favoráveis à contratação de mais mulheres.

É interessante destacar que mais de dois terços das pessoas contratadas tinham algum tipo de engajamento na vida comunitária através da associação, grupo de jovens ou igreja. Também merece destaque a participação de jovens quilombolas e indígenas das etnias Kantaruré, Kiriris, Tumbalalá e Tuxá.

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Chamados de Agentes de Desenvolvimento Subterritorial (ADS), os jovens fizeram capacitações em agroecologia e convivência com o Semiárido, nas quais também foram debatidos temas como equidade de gênero e meio ambiente. A inclusão dos jovens garantiu capilaridade ao projeto, facilitou a comunicação entre as equipes técnicas e as comunidades, promoveu a confiança e a participação efetiva dos moradores nas ações. Um dos grandes resultados da atuação dos jovens foi a criação de novas associações ou a reestruturação das já existentes nos subterritórios rurais.

O que mudou na vida dos jovens?

Os jovens superaram sua dificuldade de falar em público, muitas vezes ocasionada por insegurança quanto à sua capacidade, ampliaram a participação na vida comunitária e passaram a acreditar que as mudanças sociais acontecem quando as pessoas se mobilizam para isso.

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Para as mulheres, a separação entre os espaços privado e o público era ainda maior devido à sociedade patriarcal. Elas descobriram que podem ir mais além do que ser donas de casa e que, para conquistar os seus direitos, é preciso ocupar os espaços políticos.

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Estimulados pela formação em associativismo, muitos jovens se envolveram na gestão da associação comunitária, como presidente ou membro da diretoria da associação, proporcionando novos conhecimentos para as entidades, renovando o quadro de lideranças e envolvendo mais as mulheres nos espaços de decisão. Isso aponta que a experiência como agentes de desenvolvimento promoveu uma ascensão social dos jovens e das mulheres, que mudou as relações de poder constituídas. Foi dado um impulso à renovação do tecido social local, já muito marcado pela estagnação, envelhecimento e esvaziamento devido ao êxodo rural, principalmente da juventude.

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